E, de um momento para o outro, a Defesa Nacional voltou a estar na agenda. Multiplicam-se as notícias na imprensa sobre esta temática [1].
A Defesa Nacional tem como objetivos garantir a soberania do Estado, a independência nacional e a integridade territorial de Portugal, bem como assegurar a liberdade e a segurança das populações e a proteção dos valores fundamentais da ordem constitucional contra qualquer agressão ou ameaça externas. Compete-lhe ainda assegurar o cumprimento dos compromissos internacionais do Estado no domínio militar, de acordo com o interesse nacional.
Durante anos, foi tratada como uma espécie de “parente pobre”. O desinvestimento foi evidente e os alertas sucederam-se, sem que houvesse resposta eficaz. Um tema adiado. Até que os “estilhaços” da guerra na Ucrânia começaram a pôr em causa o ambiente de paz que reinava na Europa. Simultaneamente, enquanto do Leste, num cenário de guerra híbrida, vão “chovendo” drones e balões diariamente, o “guarda-chuva” americano vai-se fechando. Segundo João Marques de Almeida, uma vingança de Trump.
Os indícios eram muitos e foram sistematicamente ignorados, fazendo-se tábua rasa da máxima romana si vis pacem, para bellum.
Ao que tudo indica, para dar resposta às necessidades nacionais, serão necessários mais oito mil militares nas Forças Armadas e, ao longo das próximas duas décadas, um investimento de cerca de 67 mil milhões de euros. Um esforço significativo que já enfrenta a oposição de alguns setores, que consideram tal investimento uma insensatez.
O regresso desta questão à ordem do dia evidencia que a segurança e a defesa não podem ser encaradas como meros temas conjunturais. Os desafios internacionais tornaram claro que a paz exige preparação, visão estratégica e investimento sustentado. Ignorar esta realidade acarreta custos muito superiores aos que agora se debatem.
Sousa dos Santos
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[1]
- António Filipe: “Investimento de 5,8 mil milhões na Defesa é insanidade. Precisamos de escolas e hospitais”. In DN
- A vingança de Trump sobre a UE. In Observador
- CEMGFA aponta eliminação da defesa nas aulas de Cidadania: “Terá sido um retrocesso ou uma distracção”. In Público
- Militares procuram-se: é preciso “realimentar nos nossos jovens a obrigatoriedade de defender Portugal”. In SIC
- Portugal precisa de mais oito mil militares e está vulnerável nas defesas antiaéreas. In JN

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