Comumente afirma-se que “as modernas sociedades industriais geraram riscos que comprometem a continuidade da própria sociedade”, dado que “o progresso económico e tecnológico origina riscos que chegam inclusivamente a ameaçar as possibilidades de vida das pessoas na terra”[1]
Existe uma cada vez maior perceção de novos riscos associados, sobretudo, ao processo iniciado com a Revolução Industrial, e ao mesmo tempo uma constante demanda em torno do seu controlo, identificação, e anulação. Tais riscos, denominados de riscos produzidos, resultam das atividades humanas e são distintos dos riscos naturais (v.g. inundações, ciclones, terramotos) que estão fora do controlo humano, embora haja uma interação entre os primeiros e os últimos, pois as ações do homem podem contribuir para aumentar o risco associado a alguns fenómenos naturais (v.g. construção em áreas sujeitas a cheias, desmoronamentos e deslizamentos de terras, de elevado risco sísmico e vulcânico).
Neste contexto, foi recentemente publicada a obra intitulada “A Sociedade de Risco Mundial”, da autoria de Ulrich Beck, onde se chama a atenção para uma série de perigos, tanto naturais como da lavra do Homem, que gradualmente foram moldando a nossa perceção das sociedades contemporâneas. A perspetiva do autor não é alarmista: Ulrich Beck acredita que a previsão da catástrofe pode mudar a política global e que temos, hoje, a oportunidade de reconfigurar o poder daquilo a que o autor chama «política material cosmopolita». A Sociedade do Risco é uma análise oportuna e abrangente da dinâmica estrutural do mundo moderno, da natureza global do risco e do futuro da política global.
Manuel Ferreira dos Santos
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[1] ALBRECHT, Peter-Alexis, El Derecho penal en la intervención de la política populista, in VV.AA., La Insostenible Situación del Derecho Penal, ed. Insituto de Ciencias Criminales de Frankfurt, ed. Espanhola da Área de Derecho Penal de la Universidade Pompeu Fabra, Ed. Comares, Granada, 2000, p. 473-474.

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