Armando Ferreira, num artigo de opinião publicado no Público de 30/08/2025, expressa a sua oposição ao aumento da idade máxima de ingresso na Polícia de Segurança Pública (PSP). Também escrevemos sobre esta temática em 07/01/2025, afirmando que a recuperação da atratividade perdida só se alcança com a melhoria das condições oferecidas aos elementos das Forças de Segurança, designadamente com a melhoria substancial dos vencimentos, com a atribuição de alojamento digno, com o reconhecimento pelo desempenho da atividade policial e com melhores condições/meios para o desempenho da profissão.
Na mesma linha, relativamente à atual situação, do artigo de Armando Ferreira extrai-se o seguinte diagnóstico: escassez de candidatos, perda de prestígio da carreira, risco elevado versus baixas contrapartidas. Atingiu-se este patamar devido à estagnação salarial, à ausência de incentivos de progressão, às más condições de trabalho e à degradação de infraestruturas, aos horários desgastantes, à falta de reconhecimento público e apoios sociais e ao constante desinvestimento.
Daí que Armando Ferreira classifique esta iniciativa governamental como uma “solução artificial” ou um mero “placebo” que não irá resolver os problemas estruturais com que se debate a PSP, o que só se conseguirá atacando as causas atrás elencadas. Acrescenta ainda que devido ao IRS Jovem, os candidatos mais velhos ao ingressarem no quadro ficam com um vencimento inferior aos mais novos.
Em suma, deste artigo extrai-se que a falta de atratividade da PSP resulta de políticas públicas que têm vindo a desvalorizar a carreira. De acordo com o autor, o aumento da idade de ingresso é ineficaz e ilusória, pois não resolve os fatores estruturais: baixos salários, falta de progressão, más condições de trabalho e ausência de reconhecimento.
A solução apontada, com a qual concordamos em absoluto, passa por uma reforma profunda e estrutural da carreira policial, sob pena de se colocar em risco a segurança pública enquanto pilar do Estado de direito.
Sousa dos Santos

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