De Marselha a Setúbal no país dos brandos costumes

Aos poucos o Velho Continente dá a impressão que se está a converter num Far-West, ou na Chicago dos anos 30 em versão ampliada. Em Marselha (mais uma vez em Marselha), um homem mascarado saiu de um carro empunhando uma Kalashnikov e disparou contra três pessoas que caminhavam na rua, tendo morrido duas delas. Este episódio vem-se juntar a outros que têm ocorrido nesta cidade do sul de França.

Por cá, em Setúbal, seis homens encapuzados atacaram um restaurante aberto (com funcionários e clientes no interior), arremessando pedras e cocktails molotov contra a montra. Para os mais incrédulos poderá parecer impossível que episódios desta natureza ocorram neste “país de brandos costumes” e referenciado constantemente como um dos mais seguros do mundo. 

A grande questão é que ocorrências desta natureza têm vindo a ser relatadas com uma frequência indesejada, o que, como não poderia deixar de ser, pode vir a ter reflexos bastantes negativos na imagem do nosso país. Já sei que alguns nos irão acusar de alarmistas, mas podemos juntar a este caso, entre outros, o de Felgueiras, o de Odivelas e o de S. Brás de Alportel.

Assim, urge inverter este quadro de banalização da violência através de uma investigação prioritária destas situações, logo que elas surgem, por parte dos órgãos de polícia criminal competentes para tal nos termos da Lei de Organização da Investigação Criminal e detentoras dos meios adequados para fazer face a este tipo de criminalidade. Pois, só assim, será possível o sucesso na acusação, instrução e julgamento, possibilitando que a condenação funcione, também ela, como medida preventiva. E por falar em prevenção, neste domínio, é essencial e determinante o papel das Forças de Segurança (bastante deficitárias em termos de recursos humanos e materiais por motivos sobejamente conhecidos) através da sua presença no terreno, com a ajuda dos meios tecnológicos colocados nalguns locais (videovigilância), da segurança privada (quando exista) e do cidadão comum. 

É que de Marselha a Setúbal vai um passo.

L.M.Cabeço