Nos tempos que correm tornou-se banal efetuar transações comerciais através da internet. A tecnologia
digital e as plataformas online abriram as portas de um mundo novo, onde tudo ou quase tudo está à distância de um clique. Esse “tudo” engloba o comércio ilegal de armas, onde se incluem as armas de fogo, os respectivos componentes e as munições, o que representa um risco sério em termos de segurança. Um caso recente, ocorrido na Marinha Grande, em que um jovem comprou numa plataforma um taser ilegal pelo preço módico de oito euros, veio reacender a discussão em torno desta temática.
Contudo, neste domínio, o comércio mais sofisticado centra-se na darknet, com pagamentos em criptomoeda, recorrendo-se às redes sociais e às aplicações de mensagens encriptadas para fazer publicidade, angariar clientes e intermediar negócios. Esta atividade está intimamente associada ao crime organizado e ao terrorismo, sendo responsável pelo aumento da violência e do sentimento de insegurança[1]. Neste contexto, as armas de fogo podem ser usadas como mercadoria, expressão de poder e como forma de pagamento noutras atividades (v.g. tráfico de droga).
Em Portugal, o desvio de armas do circuito legal, a transformação, a contrafação e a produção artesanal constituem a principal preocupação das autoridades, dado que são as quatro rotas de entrada no mercado ilegal. Ainda recentemente, a Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras (UCCF/GNR) da GNR deteve sete homens e apreendeu quatro armas de fogo (uma delas furtada ao Exército espanhol) e três viaturas junto à Praia do Amado, em Carrapateira, no concelho de Aljezur, no distrito de Faro.
A prevenção e o combate deste fenómeno passa sobretudo por uma resposta coordenada, tanto no plano interno como externo, por parte dos diversos atores (v.g. forças e serviços de segurança, justiça). Para tal, o acento tónico deverá ser colocado na sensibilização, na capacidade de adaptação (v.g. quadro legal, tecnologia, recursos humanos qualificados e coordenação institucional) e na cooperação (v.g. partilha de dados em tempo real).
Sousa dos Santos
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[1]
- Dois mortos e quatro feridos num tiroteio em Marselha. In NM
- Terceiro tiroteio ligado ao tráfico de droga em 24 horas em Bruxelas. In DN
- Tiroteio no Time Out Market em Lisboa não deixa feridos mas suspeitos estão em fuga. In Público
- Tiroteios em Marselha causam pelo menos 3 mortes. In Observador
- Um ferido no mais recente tiroteio em Bruxelas, enquanto a cidade se debate com a violência dos gangues de droga. In EuroNews

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