Durante o último fim de semana a imprensa fez referência ao denominado mapa do “Califado Islâmico”. Este terá sido colocado on line pelos jihadistas do Estado Islâmico e representará o seu projeto expansionista para os próximos cinco anos.
Não se trata de algo longínquo, desengane-se quem pensar o contrário. Por isso, em Espanha fala-se de um Plano Nacional de Luta Contra o Terrorismo Islamita, tendo o Real Instituto Elcano publicado diversos artigos sobre o assunto, nomeadamente um da autoria de Fernando Reinares y Carola García-Calvo e outro de Javier Jordán, sendo o Magreb apontado como uma plataforma de onde saem milhares de combatentes para os teatros de guerra da Síria e do Iraque.
Uma das questões associadas a esta dinâmica é o processo de radicalização jihadista, estima-se que em Espanha exista uma média mensal de 40 radicalizações Este processo incide, sobretudo, nos jovens (fases anteriores à maturidade adulta) quando existe uma maior vulnerabilidade em relação às influências externas. Um dos exemplos mais recentes foi a deteção e detenção de duas jovens espanholas (uma de 14 e outra de 19 anos), na fronteira entre Marrocos e o território espanhol de Melilla, as quais se preparavam para integrar as células terroristas do autodenominado Estado Islâmico.
Ainda há pouco tempo atrás o semanário Expresso nos dava conta da detenção de dois cidadãos portugueses, por suspeita de terrorismo, havendo dados que apontam para a referenciação de mais de uma dezena de cidadãos portugueses por ligações ao terrorismo na Síria.
No último Relatório de Segurança Interna refere-se a este propósito que em 2013, “manteve-se a ameaça corporizada pelo terrorismo jihadista, de matriz islamista, conotado com a Al Qaida (AQ) e grupos afiliados, o terrorismo solidário, o recurso ao aproveitamento das tecnologias da informação em processos de recrutamento e de radicalização e a divulgação da mensagem jihadista à escala mundial e a participação de combatentes ocidentais em palcos jihad internacional, aliás um tema que tem assumido crescente relevância. Quanto à dinâmica da radicalização e da adesão a movimentos extremistas de matriz islamista foram desenvolvidos esforços no sentido de acompanhar os fenómenos de auto-radicalização e a deteção de conexões entre cidadãos nacionais e movimentos jihadistas de cariz internacional”.
Neste contexto, o jornal espanhol ABC publicou um “Guia de Deteção da Radicalização” o qual incide em aspetos como o vestuário, os contatos, o fanatismo religioso e a imersão na internet.
Pelo que fica exposto, trata-se de um problema que exige bastante atenção, tanto por parte das autoridades com responsabilidade nesta área como de todos os cidadãos, de molde a que seja possível sinalizar situações desta natureza e dar-lhe o devido encaminhamento em tempo oportuno.
Manuel Ferreira dos Santos
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