No final do mês passado, ocorreu um acidente na 2.ª circular, ao que tudo indica por excesso de velocidade. Daí resultaram três mortos e um ferido.
Os amigos das vítimas, além de terem cortado este via para homenagear os falecidos, durante o funeral cercaram agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) em serviço no local, o que obrigou um deles a empunhar a arma de serviço para neutralizar a situação. Esta atitude levou a que, na altura, a Direção Nacional da PSP destacasse o sangue frio do agente, referindo que os “ataques graves” aos seus polícias “não passariam impunes”.
Na sequência destes factos, hoje, a PSP informou que deteve os suspeitos, os quais estão indiciados pela prática dos crimes de resistência e coação sobre funcionário, ameaça agravada, injúria agravada, detenção de arma proibida e condução perigosa.
Esta atuação insere-se na linha daquilo que foi anunciado pelo novo Diretor Nacional da PSP aquando da sua tomada de posse. Em primeiro lugar, defendeu-se a atuação dos agentes, evitando, assim, que fossem incinerados na praça pública, e além de se ter prometido que os ilícitos praticados não ficariam impunes, cumpriu-se essa promessa, cabendo agora à Justiça decidir.
Isto porque, “a impunidade instalada e o respetivo sentimento, percecionado e assumido, sempre constituíram um dos maiores malefícios das sociedades. A perceção (cimentada na prática reiterada) de que tudo se pode fazer, porque nada acontece, torna-se assim um produtor do caos, da anarquia, da disrupção, da adulteração de valores e princípios sem os quais uma sociedade não pode existir”[1].
Sousa dos Santos
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[1] Carlos Chaves, in “A impunidade e seu sentimento”.
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