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Segurança

“Realces” 3

1.Tal e qual como temos vindo a repetir ao longo dos últimos anos, a criminalidade que consta do Relatório Anual de Segurança Interna  não tem correspondência na realidade, devido às denominadas “cifras negras “. desct2

Se alguém ainda tinha dúvidas, estas ficaram  desfeitas ontem, porque de acordo com um estudo de vitimação “apenas 40% das pessoas que foram vítimas de crimes em Lisboa participaram à polícia”. No resto do país este panorama não deve ser muito diferente, agravando-se nalguns locais mais isolados onde o acesso a um local para fazer a denúncia tem ficado cada vez mais distante (a distância não se mede apenas em quilómetros).

Assim, tem-se andado a tomar decisões em matéria de segurança com base em dados (ou parte deles) que não têm correspondência na realidade,  o que pode pôr em causa as políticas que são propostas em termos de prevenção e repressão da criminalidade.

2. Foi publicado recentemente o Balanço Social da Polícia de Segurança Pública (PSP). Ficou-se a saber nesta Força de Segurança “é no escalão etário dos 45-49 anos que existe uma maior incidência de efetivos, com 21,24% do total, seguido pelos escalões etários dos 50-54 anos com 18,77%, dos 55-59 anos com 14,45%, dos 40-44 anos com 12,94%”.

Estes dados têm de ser conjugados com o quadro de atribuições da PSP, com o tipo de zonas de atuação (maioritariamente urbanas e problemáticas), com a falta de atratividade da carreira policial (resultante de uma série de fatores já sobejamente analisados) bem espelhada no número de candidatos cada vez menor, com tipo de criminalidade que se tem vindo a desenhar no horizonte (à qual temos de juntar as cifras negras) enquanto se vai assobiando para o lado e evocando o Índice Global da Paz.

Daqui resulta um conjunto de preocupações que ultrapassa a nomeação de comissões e de grupos de trabalho, o apelo à “caridade autárquica” e o recurso a métodos infocráticos.   

3.Finalmente, a tal criminalidade que se tem vindo a desenhar no horizonte não se compadece com os métodos clássicos de policiamento e exige um cada vez maior recurso à tecnologia tanto na vertente da prevenção do crime como no apoio à decisão. Daí a instalação de câmaras de videovigilância um pouco por todo o país, o emprego de drones e a necessidade de utilização de bodycams pelos elementos das Forças de Segurança.

Ao que parece serão distribuídas e entrarão em funcionamento até ao final do ano. Às tantas durante a quadra natalícia, aproveitando as reportagens da “Operação Natal-Ano Novo” para diminuir o sentimento de insegurança que rondará os 40% em Lisboa (cerca de 70% dos lisboetas acusaram a “falta de policiamento” na área de residência).

Um contributo que consideramos decisivo para o esclarecimento de determinados “equívocos” que muitas vezes se geram aquando das intervenções policiais.

Sousa dos Santos

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