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Segurança

Reforma da PSP ???

Foi publicada no Correio da Manhã uma notícia, intitulada “PSP reformada com mais dois mil agentes”, esclarecendo-se de seguida que esta “reforma” tem como objetivo “rejuvenescer a Polícia e ajudar no combate ao crime”. Metade é proveniente do último curso de formação e os restantes de um processo de seleção em curso em que  para mil vagas, se candidataram cerca  de dois mil jovens. Qualquer cidadão incauto ficará com a sensação que com esta “reforma” os problemas de recursos humanos desta Força de Segurança ficam sanados e que tudo corre bem em matéria de atratividade porque para mil vagas apareceram dois mil candidatos.poli

Em primeiro lugar, convinha esclarecer se os dois mil agentes serão suficientes para preencher as vagas abertas pelas passagens ao regime de pré-aposentação e outras saídas (e.g. expulsões, entradas noutros organismos).

Depois, deveria ser motivo de reflexão o crescente desinteresse pelos concursos de ingresso nas Forças de Segurança. No caso da PSP, convém relembrar que em 2014 foram abertas 700 vagas de ingresso, tendo concorrido 10 mil candidatos e em 2012 esse número foi de 12 mil. Ora, no último concurso para mil vagas apareceram dois mil candidatos, os quais têm de passar pelo crivo da seleção. Um universo de candidatos claramente insuficiente. É de salientar que num outro concurso anterior o número de candidatos foi inferior às vagas. Daí, a preocupação expressa recentemente pelo comandante da Polícia Municipal de Lisboa, quando afirmou que em 2024 se corre o risco de não ter efetivos suficientes para manter a Polícia Municipal. Ao que acresce o fato do Director Nacional da PSP ter admitido a falta de polícias e defendido o incremento da videovigilância.

Este quadro reflete bem o estado a que se chegou nesta matéria, uma total falta de atratividade (embora a tutela tenha uma visão diferente) devido às condições de trabalho em geral sobretudo as questões remuneratórias) e o descrédito a que este tipo de profissões foram votadas nos últimos anos, parecendo que os profissionais do sector são a causa dos problemas sociais e o vazadouro de todas as frustrações. E, enquanto isto não for resolvido, independentemente dos cuidados paliativos aplicados, caminhar-se-á a breve trecho para concursos que ficam desertos ou semidesertos, o que terá reflexos na satisfação das necessidades de segurança dos cidadãos, sobretudo do cidadão comum, porque os restantes poderão optar pela segurança privada.

L.M.Cabeço

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