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forças de segurança, Segurança

Coincidências e radicais

E de repente jornais e revistas ficaram inundados com notícias e artigos de opinião mais ou menos extensos sobre os crimes de ódio, supostamente praticados nas redes sociais por elementos das Forças de Segurança:desct2

A lista é muito extensa, referimos estes a título meramente ilustrativo. Relativamente a esta questão queríamos apenas tecer alguns breves considerandos. Em primeiro lugar, como referiu um sindicato da Polícia de Segurança Pública (PSP), não deixa de ser estranho que estas notícias surjam precisamente a uma semana da realização de uma manifestação de elementos das Forças de Segurança. Ainda, quando existe algum descontentamento relativo ao processo negocial, tendo o Ministro da Administração Interna (MAI) afirmado que a GNR e a PSP vão ter “maior aumento” salarial da última década e que “não há condições para ir além” das propostas salariais. Finalmente, esta semana foi nomeado mais um comandante geral da Guarda Nacional Republicana (GNR) proveniente do Exército, quando se alimentavam algumas esperanças que a escolha recaísse sobre os oficiais-generais da GNR. Acresce que  de permeio o MAI veio anunciar a construção de centenas de alojamentos para polícias na região de Lisboa. Tudo isto antecedido de um “artigo laudatório” do MAI em 13/11/2022, com um título bastante sugestivo, Cabrita por Carneiro foi tirar a sorte grande. Estranhas coincidências.

Para terminar, voltemos à questão central. Desde logo queremos vincar que não nos revemos em discursos de ódio, racismo ou xenofobia, tal como não aceitamos as agressões e determinado tipo de discurso praticado contra os elementos das Forças de Segurança, bem como contra outras classes profissionais. Depois, tal como já afirmámos esta “radicalização” a que se alude nos artigos acima mencionados,  advém, em regra, de um conjunto de problemas que se foram avolumando ao longo do tempo (e.g. efetivos, meios materiais, instalações, vencimentos, suicídios, falta de reconhecimento, agressões, mortes), daqui resultaram as tensões específicas deste tipo de organizações que tanto as chefias, como os movimentos associativos e sindicais, se mostraram incapazes de resolver conjuntamente com a tutela.

Assim, para evitarmos situações desta natureza, só há um caminho: resolver ou pelo menos manifestar vontade firme de solucionar as enfermidades que atingem as Forças e Serviços de Segurança. Caso contrário, estamos sempre a escancarar a porta a pretensos “pregadores salvadores” e a engrossar as fileiras dos “seguidores”, contribuindo apenas para encher páginas na imprensa sem que se encontrem soluções.

L.M.Cabeço

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