Os semicondutores (chips) são o bloco de construção de todos os produtos eletrónicos, estão no cerne de qualquer dispositivo digital e da transição digital da União Europeia: desde telemóveis inteligentes e automóveis, passando por aplicações e infraestruturas críticas nos domínios da saúde, da energia, da mobilidade, das comunicações e da automação, do espaço, da segurança e da defesa, até à maior parte dos demais setores industriais.
Nos termos da regulamentação da União Europeia, entende-se por «semicondutor»:
- Um material, incluindo um material novo, quer seja elementar ou composto, cuja condutividade elétrica pode ser modificada; ou
- Um componente constituído por uma série de camadas de materiais semicondutores, isolantes e condutores, dispostas segundo um padrão predeterminado, e destinado a desempenhar funções eletrónicas e/ou fotónicas bem definidas.
Em torno desta questão foi publicada a Estratégia Nacional para os Semicondutores, a qual tem como objetivo o compromisso de impulsionar a indústria da microeletrónica e semicondutores em Portugal, através da formulação de diretrizes e da criação de mecanismos que fortaleçam a capacidade empresarial e a investigação e desenvolvimento a nível nacional, assim como a promoção de sinergias com parceiros internacionais e a participação em programas dedicados ao setor a nível europeu.
No plano internacional, há uma grande rivalidade entre a China e os Estados Unidos que pode vir a “ser decidida pela capacidade computacional”[1] [2], “avizinhando-se um ajuste de contas uma vez que a China tenta alcançar a supremacia nos semicondutores enquanto os Estados Unidos se posicionam para a impedir de ganhar a dianteira”. Daí que o gigante asiático esteja “a aplicar as melhores mentes e milhões de dólares no desenvolvimento da sua própria tecnologia de semicondutores, apostando em libertar-se do estrangulamento” americano.
Nos tempos que correm, “não existe nenhuma firma que fabrique chips com maior precisão do que a Taiwan Semiconcdutor Manufactoring Company (TSMC)”. Em Taiwan “são fabricados os chips que produzem um terço da capacidade de processamento que usamos por ano”. Tudo isto explica a especial apetência da China por Taiwan e o seu propósito de reunificação, o qual, a concretizar-se levantaria questões muitos graves a nível mundial.
Esta Estratégia, tal como o Regulamento (UE) atrás referido inserem-se nesta linha de preocupações e procuram encontrar formas de as ultrapassar. Isto porque se a Segunda Guerra Mundial foi decidida pelo aço e pelo alumínio, a Guerra Fria pelo armamento atómico, na atualidade tudo se decide no âmbito do plano computacional, onde os semicondutores desempenham um papel fulcral.
L.M.Cabeço
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[1] Miller, Chris, A Guerra dos Chips, p. 29 e ss, D. Quixote, Lisboa, 2023.
[2] Chip War: The Fight for the World’s Most Critical Technology.
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