O caso do grelhador

As forças de segurança têm por missão defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos do disposto na Constituição da República e na lei.

Como se já não bastassem todos os “casos” que têm vindo a público nos últimos dias, um elemento de uma das Forças de Segurança que se encontrava de serviço gratificado numa superfície comercial terá decidido “apropriar-se” de diversos objetos (um grelhador e livros), pelo que foi desarmado e suspenso preventivamente de funções. 

Esta situação levanta desde logo duas ou três questões. A primeira, não deveria ser necessário um elemento das Forças de Segurança estar a efectuar um “gratificado” num estabelecimento deste género para complementar o seu magro vencimento, devendo esse tempo ser utilizado para descansar e praticar outras atividades (v.g. lazer, estudo), para que durante o horário de trabalho se pudesse dedicar de “corpo e alma” à satisfação das necessidades de segurança da população. 

Embora não seja uma causa de exclusão da ilicitude ou da culpa, mas é deste facto, dos ordenados “pornograficamente” baixos que surge a apetência para este tipo de ilícitos e outros como a “corrupção bagatelar”. 

Além disso, a segurança destes estabelecimentos deveria estar na esfera das empresas de segurança privada, mas até se compreende que isso não seja possível num país onde voam sanitas das janelas em direção aos elementos das Forças de Segurança, onde são agredidos a tiro, à facada, com machados, a murro, a pontapé e onde não têm o reconhecimento necessário por parte de quem deveriam ter.

Com o aumento de 0,3%, este quadro não irá alterar-se, nem vejo ninguém com interesse em modificá-lo. Isso só acontecerá quando deixarem de aparecer candidatos aos concursos para ingresso nas Forças de Segurança.

Sousa dos Santos