Dois polícias detidos, em agosto de 2020, pela Polícia Judiciária (PJ), ao que consta quando acompanhavam, fardados e com as armas de serviço, o trajeto de um carregamento de 375 quilos de cocaína entre o porto de Setúbal e um armazém na Azambuja, foram acusados pelo Ministério Público.
Mais um indício que os vencimentos praticados no sector conjugados com uma ambição desmedida podem conduzir à tentação de resvalar para caminhos tortuosos, para a “mexicanização”.
O crime organizado, um verdadeiro “flagelo de dimensão universal, fenómeno complexo e dinâmico, que retira sagazmente benefício das novas tecnologias, da comunicação universal, da economia global e da sociedade plural“, através do qual se pretende, acima de tudo, a obtenção do lucro e para tal a organização nasce, cresce e vive no maior secretismo possível, impermeabilizando-se para dissimular a sua existência. Isto, juntamente com os fatores atrás apontados, pode tornar os profissionais das forças e serviços de segurança vulneráveis ao crime organizado e aos proventos que lhe estão associados.
Uma tendência a inverter antes que se instale a “mexicanização” em todo o seu esplendor. Para tal, deve-se dar condições de trabalho, incentivar ao bom desempenho, pagar ordenados dignos, estabelecer regras de conduta, reduzir a burocracia e os procedimentos administrativos, fiscalizar, supervisionar, atuar de forma célere logo que as situações de corrupção sejam detetadas, e investir em campanhas de informação para que haja consciência do problema, dos seus custos e da sua ilicitude.
Sousa dos Santos
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