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Investigação Criminal, Justiça, Segurança

A engrenagem do combate ao tráfico

engrenagemA Polícia Judiciária (PJ), com a cooperação operacional do Cuerpo Nacional de Policia, localizou e deteve dois homens, um em Portugal e outro no sul de Espanha, ambos fortemente indiciados pela prática de quatro crimes de homicídio qualificado, nos concelhos de Amadora, Oeiras e Lisboa, relacionados com criminalidade violenta e tráfico de estupefacientes.

O tráfico de droga e os homicídios estão intrinsecamente relacionados, contribuindo para alimentar um ciclo de violência que afeta a sociedade gerando insegurança. Na base desta dinâmica estão diversos fatores, nomeadamente o controlo de territórios e de mercados, o acerto de contas e as dívidas. Aliás, segundo a EMCDDA, tem-se vindo a observar níveis mais elevados de violência (crimes violentos associados às atividades do mercado da droga) e corrupção impulsionados pelo mercado da droga em alguns países”.

Na génese da situação em apreço, ao que parece, estarão as dívidas. Ao contrário do que vulgarmente se defende, tal como noutros tipos de fenómenos criminais, o combate ao tráfico de droga não tem sucesso com o recurso em exclusivo ao denominado policiamento ostensivo, o qual faz as delícias dos jornais, das televisões, das redes sociais e dos “engenheiros do caos”. Um exemplo disso foi a recente operação a nível nacional efetuada em França, onde o presidente Macron se empenhou pessoalmente, afirmando que se tratava de  uma operação sem precedentes, que lançámos para acabar com o tráfico de droga e garantir a ordem republicana”.

Embora o policiamento (prevenção e investigação criminal), tal como uma justiça eficaz, sejam peças essenciais da “engrenagem”, a solução deve incluir uma vasta gama de políticas públicas para que este tipo de “mercado” deixe de ser atrativo. Tudo passa por uma abordagem abrangente e multifacetada, atacando as raízes do problema, através da redução da oferta, da procura e da resposta aos danos. É de todo conveniente tratar desta abordagem para evitar que as ruas das cidades se convertam em campos de batalha, à semelhança do que já acontece nalguns países europeus, onde diversas organizações ligadas ao crime se digladiam. 

L.M.Cabeço

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