Num artigo publicado no Expresso, o Coronel Nuno Pereira da Silva, acerca do suposto envolvimento de alguns militares ou ex-militares Comandos em atividades criminosas relacionadas com o tráfico de diamantes, ouro e droga, referiu que “podemos estar a contribuir para o treino e recrutamento de pessoal para o crime”.
Por diversas vezes, a propósito do modelo de recrutamento e de permanência nas fileiras [1], alertámos para esta questão, sobretudo para a possibilidade de uma franja de militares ficar refém de “interesses obscuros”, nomeadamente de organizações criminosas e terroristas, tendo em vista a utilização dos seus conhecimentos para fins ilícitos. Os exemplos não são tão raros quanto possa parecer, em 2012, um ex-militar foi detido pela Polícia Judiciária por liderar um grupo de oito homens suspeitos de terem assaltado cerca de 30 caixas de multibanco, recorrendo a gás para fazer explodir os equipamentos. Por seu turno, em França, em 2015, uma dezena de ex-militares franceses, alguns das forças especiais ou da Legião Estrangeira, juntaram-se a diferentes grupos ‘jihadistas’ no Iraque e na Síria.
Definitivamente, embora não se possa confundir a árvore com a floresta, o modelo de recrutamento, de permanência nas fileiras e de regresso à vida civil (no caso dos contratados) carece de ajustamentos, pois como declarou Lima Coelho ao Expresso Lima Coelho, “servir nas Forças Armadas não é ter um emprego, é prestar um serviço à nação e nem todos os cidadãos reúnem condições para o fazer.”
Sousa dos Santos
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[1] – Impressões – 24/08/20218, Profissionalização das Forças Armadas – 30/06/2016.
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