Tráfico de cocaína – tendências e preocupações

Conforme consta do Relatório Europeu sobre Drogas: Tendências e evoluções – 2022, “de um modo geral, os indicadores sugerem que a disponibilidade e o consumo de cocaína na Europa continuam a ser elevados. Em 2020, foi apreendida uma quantidade recorde de 213 toneladas de cocaína. O aumento do número de laboratórios de cocaína desmantelados em 2020, as apreensões de matérias-primas importadas da América do Sul e de produtos químicos associados, em conjunto, indicam o processamento em grande escala de cocaína na Europa”. 

A este  propósito, foi publicado, no DN, um artigo da autoria de Valentina Marcelino, que se debruça de forma exaustiva sobre esta temática, dando conta que  «no coração da Europa, o grau de violência associada ao crime organizado de tráfico de cocaína escalou de tal forma que um alto comando da polícia belga receia que o seu país se possa transformar num “narcoestado”. Na Bélgica, há governantes ameaçados, nos Países Baixos, um jornalista foi assassinado a sangue frio por traficantes. As autoridades portuguesas já perceberam que há uma ameaça fortíssima e estão avisadas de que a mais perigosa organização criminosa brasileira está a estender um dos seus tentáculos ao nosso país. Foi apreendido um volume recorde de cocaína em 2022 (16 toneladas), além de 309 automóveis, nove veleiros e 2,4 milhões de euros em dinheiro vivo». 

Por seu turno, Hugo Franco, no Expresso, refere que máfia albanesa está a estender os seus tentáculos para o tráfico de armas, aproveitando a guerra da Ucrânia para expandir o seu império pela Europa, tendo as autoridades portuguesas sido alertadas para o risco de a organização criminosa de Leste usar os mesmos canais da droga para o comércio ilegal de armamento.

Três leituras de indiscutível interesse e que estão relacionadas com as preocupações que já demonstrámos num artigo escrito anteriormente. A este propósito, relembramos que decorre nos dias 11 e 12 de maio de 2023, uma conferência subordinada ao tema: “Novos Desafios à investigação sobre Criminalidade Organizada”. Este evento é promovido pela Escola de Criminologia da FDUP e pelo CJS.

Sousa dos Santos