Em definitivo o acontecimento que tem marcado as diversas agendas nos últimos dias é a intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP) no Bairro da Jamaica, no Seixal, as manifestações que se seguiram e um conjunto de atos de vandalismo que varreram os arredores de Lisboa, com particular incidência em Setúbal, Amadora, Sintra e Loures.
Desta feita, despertou-me a atenção um artigo do João Miguel Tavares no Público, onde se refere que «aquilo a que se chama “racismo” é uma mistura de cor da pele com pobreza». E, segundo ele, “essa pobreza não deriva do racismo – deriva, em primeiro lugar, da iliteracia, da desestruturação das famílias, da maternidade na adolescência”. Acrescentando que “se as mulheres negras de 40 anos estão a limpar as casas da classe média portuguesa, e se as suas filhas de 20 anos continuam a limpar exatamente as mesmas casas, então isso significa que o elevador social não está a funcionar para os afrodescendentes. E esse é um problema sério, que merece mais atenção e menos gritaria”.
Num outro artigo do Observador, Gabriel Mithá Ribeiro, escreve que “como se não bastasse, há ainda a ladainha da violência policial. Na utopia de vitimização das minorias oprimidas de matriz soviética que parasitou a civilização ocidental por via das esquerdas, a culpa está sempre naqueles que nunca podem desempenhar o papel de vítimas, pela cor de pele e agravada em certos grupos socioprofissionais, com destaque para os polícias. Estes podem ser desrespeitados, desautorizados, agredidos, humilhados, afetados por frustrações, depressões e suicídios, porém ainda lhes sobra espaço para serem sempre culpabilizados. À falta de melhor acusa-se do uso excessivo da força. Até dá a ideia de que lidam com anjos, não com seres humanos que têm sempre os instintos primários à flor da pele”.
Duas leituras aconselháveis para se ter uma visão de conjunto deste verdadeiro tsunami que tem varrido a sociedade portuguesa e que vão ao encontro de algumas ideias que já explanámos anteriormente.
L.M.Cabeço
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