A semana anterior foi marcada por uma sucessão de casos de criminalidade violenta, corrupção e instabilidade internacional, revelando tanto desafios internos em Portugal como tensões crescentes no cenário global.
Desta forma, em Portugal a criminalidade esteve presente nas manchetes. A Polícia Judiciária (PJ) e a Guarda Nacional Republicana (GNR) realizaram várias detenções por assaltos, burlas informáticas, tráfico de droga e violência doméstica, com destaque para o desmantelamento de grupos que torturavam idosos para roubo e burlavam empresários e cidadãos com esquemas de criptomoedas. A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve também seguranças armados e indivíduos ligados ao PCC brasileiro, refletindo o aumento das preocupações com crime organizado internacional.
Apesar disso, relatórios apontam que a criminalidade violenta tem vindo a diminuir no Norte, ainda que se registe um aumento “residual” e um reforço das ações policiais em Lisboa e no Porto.
Os casos de violência doméstica e abusos sexuais voltaram a ocupar o debate público, com a APAV a registar milhares de ocorrências e com os números da PJ a confirmar que os abusos sexuais contra menores permanecem uma realidade alarmante. Em paralelo, um estudo sobre violência digital contra mulheres alertou para novas formas de agressão nas redes.
O país enfrentou também vários incêndios urbanos e florestais, alguns provocados, com detenções de incendiários em diferentes distritos.
A Depressão Gabrielle causou chuvas intensas e inundações no sul da Europa, afetando particularmente Espanha, mas o seu impacto chegou a Portugal com descida de temperaturas e alertas meteorológicos.
Entretanto, foi detetado em Condeixa um mosquito transmissor de doenças tropicais, reacendendo preocupações sanitárias.
No plano político e institucional, foram efetuadas alterações à Lei dos Estrangeiros e houve uma polémica em torno da escala de aviões F-35 norte-americanos nas Lajes, considerada uma falha de procedimento.
A cibersegurança ganhou destaque com um novo regime que responsabiliza dirigentes públicos, e o Governo defendeu que o combate ao abuso de menores online deve ser feito “sem comprimir direitos fundamentais”.
Na Justiça, uma auditoria revelou falhas no licenciamento de empresas que disputam contratos da Defesa, e um juiz foi alvo de processo disciplinar por alegado uso de inteligência artificial em decisões judiciais.
A nível internacional, a guerra na Ucrânia manteve-se no centro das atenções. Os EUA ponderam enviar mísseis Tomahawk, o que levou Moscovo a alertar para o risco de escalada, enquanto a Ucrânia propôs a criação de um escudo aéreo comum com os aliados europeus.
A Rússia, por sua vez, intensificou os ataques e recrutou mais de 130 mil homens, reforçando a perceção de prolongamento do conflito.
A China e a Rússia voltaram a aproximar-se politicamente, com Pequim a prometer “fortalecer intercâmbios” com a Coreia do Norte — um sinal de realinhamento estratégico na Ásia.
O Médio Oriente e a Europa também sentiram abalos: ataques a sinagogas, tensões em Israel e Gaza, e protestos pró-Palestina marcaram o clima de insegurança.
Ocorreram sismos e tufões nas Filipinas e na Indonésia que causaram dezenas de mortos, enquanto inundações devastaram Odessa, na Ucrânia, e deslizamentos no Nepal deixaram dezenas de vítimas.
Em África, Moçambique registou novos ataques em Cabo Delgado e 22 mil deslocados, apesar do apoio prometido por Portugal e pela Rússia.
No campo social, continuaram os alertas sobre violência contra idosos, sobrelotação dos centros educativos e défices na saúde mental juvenil, após episódios trágicos de suicídio em escolas.
Enquanto isso, a PJ localizou crianças raptadas em casos que comoveram o país, revelando falhas graves no acompanhamento familiar.
Por fim, houve histórias insólitas — um carteirista de 71 anos detido em Lisboa, a prisão de um homem que confessou em direto ter morto os pais — e casos de burlas bizarras, onde as vítimas pagaram para evitar falsas acusações de pedofilia.
Assim, entre crimes, catástrofes e confrontos internacionais, a semana reforçou a sensação de um mundo em alerta:
- Portugal debate-se com problemas de segurança, justiça e vulnerabilidade social, enquanto o panorama global continua a ser dominado por guerras, desastres naturais e crises humanitárias.
- Uma semana densa, marcada pela urgência de proteger tanto os direitos humanos como a segurança coletiva — num equilíbrio cada vez mais difícil de manter.
Manuel Ferreira dos Santos
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