A última semana de novembro de 2025[1] deixou um rasto de inquietação tanto em Portugal como no panorama internacional, evidenciando um período de forte instabilidade, desafios institucionais e pressões crescentes sobre a segurança pública.
Nacional
Em Portugal, a atualidade foi marcada por uma sucessão de casos de criminalidade grave, acidentes e
investigações complexas que abalaram a confiança nas instituições. A revelação de uma rede de exploração de imigrantes envolvendo militares da GNR e agentes da PSP, descrita como de estilo mafioso, gerou alarme público e preocupação sobre o nível de infiltração criminal nas forças de segurança.
Quase em simultâneo, vieram a público alegados abusos sexuais num quartel de bombeiros, agressões violentas envolvendo jovens e episódios perturbadores de violência doméstica — num ano em que já se registam mais de duas dezenas de mulheres assassinadas e mais de mil detidos por este tipo de crime.
Os tribunais voltaram a estar sob escrutínio, com decisões polémicas, processos mediáticos que avançam lentamente e repetição de julgamentos emblemáticos, como o da derrocada de Borba. A par destas situações, aumentaram as detenções por tráfico de droga, fraudes e crimes relacionados com armas, enquanto incêndios urbanos, acidentes rodoviários e desmoronamentos deixaram várias vítimas e reforçaram a perceção de vulnerabilidade quotidiana. Na saúde pública, a DGS reforçou recomendações devido ao frio e às ameaças virais emergentes.
No domínio da defesa e da política europeia, a semana trouxe também avanços estratégicos: desde o projeto de um “muro” anti-drones até ao financiamento de novos helicópteros para a Força Aérea, passando pela integração futura de elementos da Frontex nos aeroportos portugueses.
Internacional
No plano externo, a guerra na Ucrânia continuou a dominar a agenda diplomática e militar, com avanços e recuos no terreno, ataques mortíferos e contrapropostas de paz que envolvem UE, NATO e Estados Unidos. Enquanto Kiev denuncia a intensificação dos bombardeamentos russos, a Europa insiste no princípio de que nada deve ser decidido sem os ucranianos.
Paralelamente, as tensões no Indo-Pacífico agravaram-se, com o Japão e a China a trocarem acusações num contexto de crescente militarização em redor de Taiwan. No Médio Oriente, Israel reorganiza a hierarquia militar, e o Sudão tenta preservar um cessar-fogo frágil. O clima global tornou-se ainda mais instável com um golpe de Estado na Guiné-Bissau e uma escalada militar nas Caraíbas que reacendeu a tensão entre os EUA e a Venezuela.
A semana terminou sob o impacto de cheias devastadoras na Ásia, que provocaram 940 mortos, e de novos alertas sanitários, com o ressurgimento da gripe aviária e a ameaça de uma nova estirpe sazonal.
O balanço global desta semana é claro: entre guerras persistentes, ameaças sanitárias, corrupção institucional e episódios diários de violência, Portugal e o mundo encerram novembro num estado de alerta permanente, confrontados com desafios cada vez mais interligados e exigindo respostas coordenadas, eficazes e socialmente robustas.
Sousa dos Santos
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